SamPará

Tati Carvalho, 26, publicitária, expert em perder objetos de pequeno e médio porte dentro do carro. Adora viver em São Paulo, porque há mais bares do que se pode conhecer. Resignada, vai sempre nos mesmos 5. Tem coragem de se jogar de cabeça. Sempre.
Apoena Augusto, 30, administrador, se descobriu pirofágico das estrelas. Vive em Belém e acha que o seu nome é prefixo para todas as coisas entre o céu e a terra. Adora sua moto (que trata como filha) e intervalos comerciais.

terça-feira, maio 30, 2006

E o Katrina passou...

Apesar dos eventuais petelecos (ou caxuletas, dependendo do Estado), não era nenhum trauma de infância. Nunca foi. Na verdade, funcionava mais como um parque de diversões privado. Terreno fértil para brincadeiras que arrancavam gargalhadas dos mais chegados.

Mas eis que um dia alguém enxerga as coisas com olhos profissionais e arrisca: "Ei... o que você acha de dar um jeito nessas orelhas?". Por um instante, tudo o que havíamos passado juntos, eu e minhas orelhas, veio à cabeça: as pontas de algodão que se soltaram do cotonete e mergulharam profundamente no canal auditivo; o álcool atirado nela por conta de um entupimento provocado por água de piscina; o furo de brinco feito na orelha esquerda aos 13 anos de idade (à época, quem fazia no lado direito, dizia-se, mordia uma fruta diferente).

Tudo isso sem falar na sensação constante de que o Katrina está passando por mim quando, imprudentemente, resolvo andar de moto sem capacete.

"Eu topo!". Disse firmemente, mas já com uma pontinha de saudades.

Cirurgia corretiva nas orelhas é como ir a um churrasco no sítio com amigos. Tirando a cerveja, todos conversam bastante, falam dos programas de final de semana, ouvem música e cantam como se realmente estivessem em casa. A única diferença é que a picanha que está sendo temperada na tábua de madeira é você.

Isso sem falar no privilégio(?) de poder ouvir absolutamente tudo como se estivesse nos preparativos finais para a gravação de um DVD acústico do Kraftwerk.

Duas horas depois, voilá! Uma obra-prima da aerodinâmica surge de alguns vários emeeles de sangue. Santos Dumont ficaria abismado com o que se pode fazer com talento, um bisturí e alguns centrímetros de linha de sutura.

Duro agora é ter que passar algumas semanas parecendo o "Guga" com uma faixa na cabeça para evitar, digamos, o efeito "ploc" onde, num acesso de nostalgia desenfreada, as benditas podem querer voltar ao seu lugar de origem.

Fotos, hmmmmmmm... melhor não.

Jean Grey wannabe

Fui ver X-Men no domingo. Eu adoraria desintegrar as pessoas que não agregassem

Revoada

Eu vi passarinho verde. Amarelo, azul e branco, porque mesmo que não fosse ano de Copa, ser patriota é essencial

domingo, maio 28, 2006

Sonhos - de amor ou de paixão - vol I

Uma conversa casual me deixou pensando sobre sonhos, sejam eles desejos, metas ou simplesmente a vontade da sua mente de sair e dar uma voltinha sem ninguém enchendo o saco, o fato é que todo mundo têm os seus que, apesar de serem extremamente pessoais, podem ser bem parecidos com o da pessoa a seu lado. Veja, os dez sonhos mais comuns são sobre: EROTISMO-sucesso-nudez-casa-morte-nadar-voar-queda-perseguição e apesar de eu não conseguir bem entender porque tanta gente sonha sobre casa (afinal o mundo só acontece quando você desentoca), resolvi fazer posts temáticos, um com cada um deles:

Capítulo1: A Paixão - Lá está você aconchegada no sofá da sala com controle remoto em punho, olhos ardendo de sono nas altas horas da madrugada quando um ruído baixinho te alerta para a porta de entrada. Não há tempo para reagir, numa fração de segundos a porta se abriu e você é violentamente retirada do seu conforto. A paixão é explicita e intensa, imobiliza rapidamente, arrasta feito vendaval, prende com sabor e violência a presa e ali mesmo a possui sem arrependimentos. Não há resistência nem tempo para diálogo...na de penumbra ela rasga sua roupa, se atira sobre seu corpo e invade todos os seus sentidos. Com a mesma intensidade que ela vem, ela parte. Ao amanhecer meio desperta, meio atordoada, a gente nota o gosto na boca, o lençol revirado, o corpo marcado. Não sabemos bem o que se passou, mas ainda sentimos na pele um certo anestesiamento. A paixão não liga no dia seguinte, não dá satisfações. Na noite seguinte: você, a tv e o sofá. Quem sabe de novo a paixão invada chutando as portas do fundo da sua alma e te levando para o quarto sem pestanejar. Você espera que não enquanto torce para que sim.

Capítulo2: E o amor?Mesma cena da sala: você, sofá e a tv ligada. Controle remoto na mão e uma batida de leve na porta. Você desperta, se ajeita e vai ver quem é. O amor se apresenta, te toca de leve, te olha nos olhos enquanto aprecia o seu sorriso. Escutam música, saem para beber juntos, de mãos dadas, dedos entrelaçados. Discutem sobre o último filme, os últimos dias e a vida em geral. Dividem planos, compartilham desejos e anseios. O amor te prende pelo olhar, te sente a pele, te toca levemente, desabotoa sua blusa enquanto derrama de leve no teu ouvido promessas secretas e eternas. Talvez no sofá, talvez até mesmo no seu quarto, sobre o edredon macio da cama, o amor te deita e te enche o corpo de alma e sentimento. A pele arrepia, os batimentos cardíacos aceleram, mas você está lúcida e no dia seguinte ao abrir os olhos para a luz da manhã, talvez até da tarde, ali está ele, o amor dormindo feito criança do teu lado, roubando seu travesseiro, pernas entrelaçadas nas suas. Você sente seus braços, o calor do seu corpo e sabe que não quer mais sair dali. Não adianta, ele veio pra ficar. Antes de ir, se despede com promessas nos olhos e um abraço que você torce para ser eterno. E você sente que até o próximo encontro ele estará lá, embrenhando-se nos seus pensamentos a cada respiração que você der.

Vale dizer que eu achei ambos no mesmo lugar?

segunda-feira, maio 22, 2006

Já comeu?

Apelidos são carmas, ou bênçãos, que alguns carregam por toda vida. Será que Edison Arantes do Nascimento conseguiria se manter sob os holofotes por tanto tempo depois de pendurar as chuteiras sem o mundialmente conhecido "Pelé"? E José Bispo? Quem seria capaz de dizer assim, na bucha, que foi o nome de batismo do falecido sambista de personalidade forte e língua afiada, "Jamelão"?

Por outro lado, há pessoas que, ao nascer, não se sabe se do Céu ou do Inferno, recebem um dom: o de colocar apelidos. E eles começam a exercitar muito cedo, já no jardim de infância, e vão se aprimorando a cada ano que passa. No auge, basta um só olhar para relacionar o layout alheio a algo que, invariavelmente, é a cara da vítima. "Coisa de gênio!", dizem os maldosos. Deve ser mesmo.

Pois o que representa uma espécie de toque de Midas para uns, pode não passar de uma bigorna nas costas de outros.

E nesse universo de criatividade alternativa, os casos mais curiosos são os "autofágicos". Pessoas que tem a capacidade de criar apelidos para si mesmas, aparentemente sem querer.

Um exemplo clássico em Belém é o de um amigo que, por motivos óbvios, não terá seu nome citado, mas que, para azar dele, é uma pessoa bem conhecida. Pelo apelido, claro.

Imagine a situação:

Você está na porta do lugar onde, diariamente, tenta queimar tudo aquilo que não deseja que se acumule na cintura. Encontra uma conhecida qualquer e começa a trocar frases intelectualmente descompromissadas do tipo: "Chegou tarde hoje, héim? Vai malhar o quê?". Nada que se alongue por mais de cinco minutos, o que já é suficiente para tomar coragem, entrar e encarar a bendita esteira elétrica que, invariavelmente, obriga os persistentes anti-atletas a fitar a novela das oito ouvindo o que mais parece uma trilha sonora de aparelhagem.

Eis que chega o incauto e pega o bonde andando. Diminui o passo e caminha sorrateiramente, como se esperasse propositalmente o fim da conversa para, então, dizer "oi" e, sem vaselina, apontar com os lábios em direção a conhecida que já ia longe e disparar um SMS verbal: "E aí? Já comeu?".

Esse, quando morrer, levará para o túmulo o apelido que a terra há de comer.

sábado, maio 20, 2006

Vizinho é...

Tudo ia bem no 13º andar do Peixotão, apelido nem tão carinhosamente dado pela população a um dos edifícios de fauna mais diversificada do coração da capital paraense. Foram mais de 10 anos mergulhados em uma calmaria antes vista somente nos longas de Akira Kurosawa. Era tudo tão perfeito que até a enfadonha e quase inevitável troca de gentilezas matinais no corredor, à espera do elevador, raramente acontecia.

Arrastar de móveis, ejaculações vocais, portas diuturnamente abertas, criança. Barulho, muito barulho. Impossível não perceber que a paz até então saboreada como a um incomparável sorvete de tapioca da Cairú - até a casquinha de biscoito - estava por encontrar um barulhento e adiposo fim.

Segunda-feira, sete e trinta da manhã. Sair para o trabalho nunca mais seria a mesma coisa após o que só poderia ser descrito como a visão mais espaçosa e assustadora que o inferno pode representar. Uma mulher aparentando uns quarenta e poucos anos e, talvez, cento e trinta quilos indelicadamente distribuídos, desfila sua corpulência completamente desprovida de pescoço enrolada em uma toalha. Percebendo o choque no olhar de seu novo vizinho, sem pudor, sorri e acena desejando um bom dia. Como se fosse possível depois daquilo...

Infelizmente foi apenas o começo.

Super-fantástico-amigos

Não saio de casa, salvo para ir ao trabalho, desde segunda-feira (vocês imaginam o humor?)
Segunda foi pânico-PCC, na terça, ressaca.
Quarta, feliz e contente, já estava de bolsinha rosa na mão, quando tive a chave do carro seqüestrada por uma mãe zelosa.
Quinta, namorado birrento resolveu reduzir minha ração de agrados diários e sexta, PCC sob controle, uma horda de vírus enfurecidos resolveram atacar minha determinação de sair da toca.
Assim, após a sucessão de eventos bizarros da semana nem liguei para o fato de que hoje, ao dar uma volta no Ibirapuera, a primeira pessoa que eu encontro é The Flash.
Ele mesmo, de vermelho e asinhas nos pés e nas têmporas e (pasmem) câmera digital em punho.
Após uma semana em prisão domiciliar estava louca pra coversar, assim resolvi puxar um papinho, que foi assim, tim-tim-por-tim-tim (ó, essa rima não foi proposital, prometo):

T - Oi Sêu Flash! O que o senhor veio fazer no Brasil?
F - Ah,.. oi! Eu tô passando férias, vim visitar a família! – disse Flash em bom português
T - Família? Mas com esse nome achei que você não fosse brasileiro.
F - Ta brincando? Nasci logo ali em Itaquera!
T – É,... logo ali (a velocidade anuvia a percepção de distância das pessoas.)
F – Meu nome de verdade é Marivaldo, quando comecei a salvar gente é que adotei esse nome de guerra.
T – Tem a ver com velocidade, né?
F – Er,... não, é que minha mãe se chama Flavia e minha tia Shirlêi
T – Shirley?
F – Não, não fala isso, é Shir-lêi. Mesmo. Ela gosta de dizer que rima com o do meu tio, que eles são almas gêmeas.
T – (ai, medo) e seu tio chama?
F – Sidinêi
T – sei,... mas e seu nome?
F – Então, elas juntaram Flavia e Shirlêi e deu Flá-shi. Aí quando fui parar na Liga da Justiça eles americanizaram. Eu até cheguei a pedir pra fazer bonito de verdade e transformar em FLÁSHISON, mas eles falaram que Flash era mais curto, pra ficar melhor nos reclames.
T – Entendi. E aí você tá aqui de férias, né? Tirando foto e tudo,...
F – É, na verdade é uma missão mega-blaster-hiper-secreta. Estou tentando convencer o pessoal a transferir a sede da Liga pra cá, olha só:
Lá depois do Bush, desgraça com cobertura da mídia acntece só no Iraque, a gente quase passa desapercebido na rua já, se não fosse pelo cuecão ninguém notava, nem tem mais paparazzi correndo atrás, vendo se a gente tá levando alguma super-gatinha pro motel nem nada,...
Aqui com PCC tem mais trabalho e, além do mais, a galera ia se divertir mais morando em São Paulo, fora que, em períodos de paz tem mais chances de descolar uns “bicos”.

Aí eu fiquei pensando e concordo, olha só os bicos dos Superamigos:

Aquaman – em ano de Copa, Aquaman de verde e amarelo podia vira mascote de torcida em dia de jogo. Em dias de folga só precisava passar longe do Pinheiros e o Tietê, senão é capaz de virar mutante e se bandear pro lado dos X-Men

A Mulher maravilha pode fazer uns bicos de perueira quando queimarem de novo os ônibus. Super-homem pode ser cobrador. Com o jato invisível dá até pra dar “um gás” sem pegar multa em plena Radial Leste.

Lanterna verde – Esse tá fácil, vira mascote do Parmeira e leva em frente o “orgulho-porco”

Ajax - desculpem. Esse eu me recuso a arranjar trabalho. É da concorrência.

Até Batman & Robin iam se divertir; a parada gay já contabiliza 2 milhões de pessoas na Paulista, e tem todo ano!

Fui pra casa sorridente, sabendo que o plano do Marivaldo (opa, desculpa, Flash) não tinha como dar errado. Me sentia segura e sabia que eles iam se sentir em casa, afinal, se sentissem falta da localização perto do pântano, tinha sempre a Marginal Tietê. Toda enchente ia ser uma festa.

quinta-feira, maio 18, 2006

Na bucha

Tem gente que possui ousadia e tem gente que possui bom senso. Mas tem gente que não tem nem o cheiro de qualquer um dos dois. A figura abaixo é o anúncio de um motel português que literalmente manda seus clientes fazerem o que eles foram lá para fazer. Só não precisava ser tão explícito...
Zé Simão Diria que "mais direto, impossível".

terça-feira, maio 16, 2006

Vendo o Ver-o-Peso


Quem nunca teve curiosidade de ver uma periquita de bota (feminino de boto, o mamífero, que fique bem claro), que atire o primeiro cupuaçú.

Ir ao Mercado Ver-o-Peso, mesmo para quem é paraense da polpa do açaí, é sempre uma aventura em todos os sentidos, principalmente o visual e o olfativo. Ver a folha da maniva, futura maniçoba (para quem não sabe, uma versão, digamos, mais ecológica da feijoada), sendo triturada e se transformando numa espécie de montanha que mais lembra o resultado da ruminância do boi é algo surreal. Principalmente depois de comer pronta e descobrir que, apesar de sinistra, é muito boa.

Mas isso é somente um dos atrativos. O melhor mesmo é conversar com as tias de sorriso "vazado" que vivem de vender "lendas". Nada a ver com aquelas lojinhas bacanas de shopping onde é possível encontrar desde incensos com aromas florais que embrulham o estômago de tão doces até aquelas esculturas indianas de madeira com tromba de elefante e cajado de Mestre dos Magos. Chuck, o brinquedo assassino, teria medo se visse.

Essas tias vendem em suas barracas simples, mas muito cuidadosamente arrumadas, além da periquita e do pau do boto (sim, boto tem bingulim!) que, segundo elas, servem para atrair o sexo oposto bastando apenas lavar a área de trabalho com o líquido proveniente das intimidades dos bichinhos, "garrafadas" com banhos e essências para quase tudo que se pode imaginar. Desde reumatismo até olho gordo, passando por hemorróidas e bico de papagaio. Nada escapa ao poder das garrafas coloridas. Tem até versão natureba da alegria das velhinhas: o Viagra natural.

E se após um bom bate-pernas por lá bater aquela fome, um peixe frito com farinha "baguda" ou um tacacá em uma das barracas caem muito bem. Só se recomenda um Engov antes e, se puder, um depois...

segunda-feira, maio 15, 2006

Pavê de Toni Ramos

Já que a descrição aí do lado pede, resolvi explicar de novo minha obsessão por comidas peladas.
Sempre fui uma menina muito da limpinha. Quando era pequena, sempre desci pra brincar no plêi (naquela época playground não fazia parte do meu repertório e eu aportuguesava o plêi no maior charminho, do meio das minhas maria-chiquinhas.) cercada de mucamas que conferiam o grau de impecabilidade do meu uniforme branco. Me chamavam de m´lady .Vale dizer também que Milaidy não é mais sinal de respeito, mas o nome de uma recifense espivitada com quem dei aulas de forró. Mi-lêi-di (com sotaque arretado).
Enfim Mc Fly, De Volta Para o Futuro, mas em nome daquela época, eu me livrei das chicas, mas ainda sou bem limpinha. Em condições propícias de temperatura e pressão tomo dois banhos diários, até mais em noites de me emperiquitar e sair bailando por aí.Assim, tenho verdadeiro horror de comida com pêlo.Uai, como porque? Porque é nojento e pronto, simples assim.

Mas vamos por partes:
a) comidas peludas:Eu até gosto de pêlo, nos lugares certos. No meu cachorro Brownie. Em maravilhosas peças de veludo. Até em tórax masculino (pouquinho, sai pra lá Tony Ramos). Mas em comida não.Então porque cargas d´água todo quindim tem que ser estragado com pelinhos de côco na parte de baixo? E por que, sempre que você vai em lugares-de-se-fazer-cerimônia ( a rigor, casa da chefe, casa da tia-avó, casa da família do namorado) eles sempre tem que servir comida peluda? é um tal de pavê prestígio, sorvete de côco caseiro, tapioca doce com leite e pêlos de côco. ralados. écati,...Nada tenho contra o côco. Aliás, em minha defesa, posso dizer que todo domingo, religiosamente, cultuo um ritual entre amigas, chamado " lamentação por ter esquecido o dinheiro da água de côco ao sair para andar no parque". Dinheiro esse que sempre lembramos ao sair do parque: suadas, cansadas e com larica-de-água-de-côco.Agora, ele bem que podia vir sem os malditos pelinhos. Viva os côcos depilados.

Cantada Oriental

Ásia 70. quinta-feira
Depois de duas garrafas de saquê (a mesa era grande, eu juro!!), resolveram ir até a pista. Iluminação, boa música, gente bonita.
Ele se aproxima lentamente, puxando todo seu charme e manda pra mocinha do meu lado: Adorei seu cheiro (uuuurgh!!!!)
Ato contínuo a mocinha passa a mão na testa, de lá para a mão do ser atônito e devolve: Engarrafa!
fenômeno de amiga!

Ensinando a eles como se faz

Pois foi no final do dia que eu liguei a TV para ouvir a opinião de um jornalista experiente, Carlos Heitor Cony, falar sobre as rebeliões em São Paulo. Ele dizia:
“em SP negócio foi assim, pois todas as facções se uniram contra o governo. Aqui no Rio as facções são rivais, então eles se matam entre eles. Mas se um dia aqui eles pensarem em se unir, aí sim, vai ser muito pior.”
Agora sim, ensinando a eles como se faz!

É a Guerra dos Mundos! Ou O dia em que os paulistanos deixaram de acreditar (de novo) no governo

Às oito horas da noite de dia das bruxas de 38, Orson Welles começou a transmitir uma dramatização de "A Guerra dos Mundos" pelo rádio. Durante o programa, trechos de música eram interrompidos por declarações de radialistas cada vez mais desesperados à medida que iam descobrindo e relatando invasões de alienígenas a Terra.

Milhares de pessoas entraram em pânico e partiram para a ação antes de saberem se tratar de um programa de rádio. Algumas carregaram suas armas e saíram à procura dos monstros marcianos, atirando a esmo. Outras enrolaram toalhas molhadas em volta da cabeça na esperança de se proteger do gás venenoso marciano (ou numa tentativa desesperada de matarem os marcianos de rir da cena ridícula que presenciavam)

Essa demonstração, não só do poder da comunicação, mas também de como podem se alastrar ondas de pânico (que, convenhamos, em épocas on line e em real time, acontecem muito mais rápido), é parecida com o que se vê hoje em São Paulo, que está em estado de alerta, infelizmente por um problema real: O PCC (Primeiro Comando da Capital) faz desde sexta-feira, uma série de ataques a delegacias, penitenciárias e alguns alvos civis (bancos e ônibus, em sua maioria), protestando contra a transferência e isolamento dos chefes da facção para um presídio de segurança máxima.

Pior do que o real, no entanto, é o nível do pânico das pessoas: Chegando no escritório, hoje pela manhã, já se falavam em criminosos insanos andando pelas ruas pulverizando indiscriminadamente policiais, civis, cachorros e árvores, enfim, qualquer alvo que cruzassem seu caminho. O nível dos boatos escalou e pela hora do almoço já tínhamos ouvido falar de pelo menos 2 shoppings, 3 estações de metrô, 2 faculdades (alvos civis importantes) e 1 circo (o PPC quer a patente sobre o globo da morte) que tinham sido alvos de bomba . Resultado: lá pelo meio da tarde fomos todos dispensados do trabalho e saímos apreensivos, esperando a Faixa de Gaza. Mas não saímos muito: a maioria das pessoas saíram desesperadas para lugar nenhum, lotando as ruas que contabilizaram Record de trânsito. Pontos de ônibus, metrôs e (pasmem) locadoras de vídeo estavam lotadas de paulistanos neuróticos sem função, quando lhes tiram algumas horas de trabalho. Todas as aulas foram suspensas, comércios fechados e já se ouvia falar em toque de recolher e exército com tanques invadindo São Paulo (dizia-se inclusive que metralhando qualquer um que ficasse nas ruas).

O pânico foi causado por e-mails e internet, que circulavam notícia ao minuto divulgando ataques que não aconteceram e outros "marcados para as próximas horas".
Mas nós não deveríamos estar mais vacinados em relação a boatos, nos informando melhor antes de pegarmos o carro e entrarmos em loucos congestionamentos rumo a lugar nenhum?

O problema é que o remédio para o pânico é justamente a informação de fontes idôneas. Se acompanhada de uma posição enérgica de líderes do governo, tanto melhor: mas tudo o que vi em São Paulo hoje (quando finalmente cheguei em casa, com meus 3 dvds devidamente alugados) foi um punhado de declarações “em cima do muro”.

Nosso governador-mais-chuchu-que-o-outro Claudio Lembo soltou a emocionante declaração: “Paulatinamente a tendência é a coisa começar a ir diminuindo, manda a estatística, não vai parar de repente” – e o intuito aqui era tranqüilizar?

Quando perguntado da dimensão dos ataques a resposta foi “ Difícil dizer. Se um faz um ataque outro faz ataque, vai nos bairros, vai atacando aí, é uma desorganização” – estávamos rezando por facções criminosas mais ordeiras e organizadas? Peraí gente, ataquem, mas em fila indiana, por favor, e peguem senhas!Numa hora dessas eu estou com Rudy Giuliani e sua política de tolerância zero. Ele dizia, enquanto ainda prefeito de NY: “O primeiro passo é ter em mente que a cidade pode melhorar. A pior atitude de uma sociedade é dizer que não podemos fazer nada para sair dessa situação, mas temos que ser enérgicos e mostrar a população o que está sendo feito”. Dá-lhe Giuly!!!

domingo, maio 14, 2006

Subversivo

Disse no primeiro artigo que este espaço seria para esculhambar as empresas que tratam mal seus clientes. Tenho palavra e, como bom "marqueteiro", mantenho o foco. Só que como vivemos em uma democracia, decidi que também falaria sobre assuntos "aleatórios". Alguém se opõe?

Sim, eu gosto do bar metido a galeria chamado "Caleidoscópio". Não só porque lá há um drink que vem literalmente pegando fogo, mas porque além de ficar na esquina da minha casa, todos, absolutamente todos que lá trabalham não só sabem como, pasmem, conseguem pronunciar meu nome corretamente. O que, convenhamos, para alguns, é uma proeza.

Quem frequenta barzinhos sabe o quanto isso faz diferença. "E Aí, Apoena, beleza? Vai um foguinho aê?". "Fala, Apoena! Tudo bem? Fica à vontade. Se precisar de alguma coisa, é só chamar!".

Com isso, consegui não só a honra de pagar minhas despesas com cheque, algo que atualmente nenhum lugar com um mínimo de bom senso aceita, mas também o compromisso do barman em me ensinar um dos grandes segredos da casa: as fórmulas dos drinks. Esse privilégio, como diria qualquer campanha do Mastercard, não tem preço!

Na prática, virei o tipo de cliente que qualquer lugar gostaria de ter: o que compra, fala bem e, ainda por cima, leva os amigos. Uma espécie de sócio não-remido. Quase um dono não remunerado.

Pensando bem, acho que vou começar a exigir alguns privilégios. Quem sabe não descolo um quiche de jambú grátis a cada 10 amigos?

sábado, maio 13, 2006

Essa familia é muito unidaaaa - uma homenagem ao dia das mães

Vamos lá, que família que não é absolutamente disfuncional? Os meus parentes, por exemplo, são esquisitos, histéricos, hilários (além de muito brigões). Mas como paulistano que reclama de trânsito e poluição, mas não pode ouvir nenhum forasteiro falar mal antes de levar pra ZL e soltar no meio dos manos, eu sou absolutamente “bairrista” quando se trata da minha família. Ninguém fala mal! Sou completamente apaixonada por eles a quem devo amor, suporte e inspiração, mas isso não nos salva exatamente das bizarrices :
Festinhas de crianças - Todas as festas da minha família eram produzidas por nós mesmos em casa de vovó. Era um complicado sistema de produção em série, que se iniciava um dia antes (acho que somos parentes distantes da família Marx – não a de Groucho,a do parceiro de Engels). Um enchia bolas, outro pendurava cartazes nas paredes, outro enrolava brigadeiros e todos no final supervisionavam a decoração da sala que ficava um primor.
“Um brinco!!!” dizia a matriarca inflada de orgulho. O problema é que eu não consigo lembrar de nenhuma festa aonde se fez uso da sala, que ficava só, arrumada e sem ter para onde ir, cantando “hoje eu to sozinha, e não aceito conselho. Vou pintar minhas unhas e meu cabelo de vermelho” (muito a frente do seu tempo, minha sala, e adorava Ana Carolina)
As pessoas da festa se reuniam mesmo era na cozinha, aonde dispensavam todos os salgados e docinhos (que a gente tinha passado o dia inteiro fazendo) e comiam pão com carne moída e molho, legado de vovó.
Vovó, inclusive, fazia pão com carne moída como ninguém, passava café fresquinho de tempos em tempos e contava as histórias mais divertidas. O único porém é que de vez em quando, normalmente no final de cada história, a adorável senhora dava uma inclinadinha pro lado e soltava seus punzinhos, que até hoje jura que ninguém ouvia, tão confiante que era de que suas histórias eram boas a ponto das risadas alheias encobrirem suas indiscrições. A gente perdoa, é claro. Vovó, do alto de seus 70 e tantos anos, tem todos os atenuantes do mundo (e é realmente adorável).
Hoje em dia a gente continua se encontrando em datas festivas, a família continua unida, mas as esquisitices mudaram de tom. Acho que viramos inspiração para famílias de desenhos animados:

Família Addams - normalmente podem-se encontrar meu primos, alguns tios (e meu namorado, se estiver por perto) bolando planos malucos para fazer com que meu cachorro Brownie cometa suicídio pulando da janela. Qual é, o máximo que meu cachorro fazia era deixar pontos amarelos nas canelas alheias, nem de perto incomoda tanto quanto Tropeço, por exemplo: se bem que eu adoraria ter um mordomo-motorista-zumbi-campainha.... lembra que ele atendia a porta dizendo: siiiiiiim, com voz do além?

Jetsons: Vovó parou de fazer carne moída e agora compra tudo pronto. Aliás, ela adotou calças de elastano, faz faculdade e manda e-mails. O que vem por aí? docinhos de aniversário em pílulas + hidratador de comida igual a de Jane Jetsons? Não sei. A única coisa que eu queria era que Brownie falasse como Astor

Simpsons: meu tio dá apelidos incautos para todos os agregados dos filhos (e sobrinha). de cuspe a binóculo, não escapa ninguém. Uma apologia a Bart, fenomenal.

sexta-feira, maio 12, 2006

SamPará - ou what the hell?

Tati Carvalho, 26, publicitária, expert em perder objetos de pequeno e médio porte dentro do carro. Vive em São Paulo e adora, porque há mais bares do que se pode conhecer. Resignada, vai sempre nos mesmos 5. Odeia comida com pêlos, tem medo de fogo e galinha d´angola, além daqueles cachorros que se vende em farol e que balançam a cabecinha. Mas tem coragem de se jogar de cabeça. Sempre. Tem um boá e um sapato rosa-choque dentro do armário para a perua dentro dela.

Apoena Augusto, 30, administrador, se descobriu pirofágico das estrelas (foguinho do caleidoscópio tornou-se sua diversão semanal). Vive em Belém e acha que o seu nome é prefixo para todas as coisas entre o céu e a terra. Veio a Terra a passeio pra rir da sua vida e da dos outros. DJ aspirante, odeia pagode, mas adora um Pet Shop Boys e jura que sabe distinguir vertentes de música eletrônica. Adora sua moto (que trata como filha) e intervalos comerciais.

Brasileiros (tentam cruzar praticamente o território nacional com a maior frequencia que der), cínicos e bem-humorados, resolveram deixar fluir sua veia verborrágica revelando as impressões que lhes derem na veneta.

Boca do Inferno

A referência no título a Gregório de Matos Guerra, o poeta Boca do Inferno, temido pela burguesia baiana do século XVII por conta de sua língua mais do que afiada, não é por acaso.

Quem contribui para um jornal, como este escriba aqui, sabe o quanto é preciso segurar a língua de vez em quando para não pisar no calo de qualquer dono de veículo de comunicação: o bolso. Criticar alguma empresa pode, muitas vezes, significar o adeus a um bom anunciante.

O diabo é que não falta matéria-prima! Na prática, a maioria dos empresários, até os parcamente qualificados, se sentem um pouco marqueteiros e publicitários, mesmo que nem sempre sequer saibam direito a diferença entre um e outro.

Por conta disso, ao escrever e atuar na área de Marketing, é inevitável sentir uma cuíra quase incontrolável de atirar flechas sobre os maus jogadores. Mesmo os profissionais. O que faz crer que os blogs foram criados por pessoas que sentiam essa ânsia de esculhambar os outros. Sim, uma espécie de libertação verborrágica. Que tal chamar de "Direito Mainardista" ou "Gregorista"?

Dito isso, fica claro que esse espaço tem a única finalidade de malhar toda manifestação de amadorismo mercadológico, seja no Pará, em São Paulo (como bem sugere o nome do Blog) ou em qualquer lugar do globo. Sempre com muito bom humor, porque não tem graça nenhuma esculhambar sem tirar um sarrinho, certo? Zé Simão que o diga.

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