SamPará

Tati Carvalho, 26, publicitária, expert em perder objetos de pequeno e médio porte dentro do carro. Adora viver em São Paulo, porque há mais bares do que se pode conhecer. Resignada, vai sempre nos mesmos 5. Tem coragem de se jogar de cabeça. Sempre.
Apoena Augusto, 30, administrador, se descobriu pirofágico das estrelas. Vive em Belém e acha que o seu nome é prefixo para todas as coisas entre o céu e a terra. Adora sua moto (que trata como filha) e intervalos comerciais.

segunda-feira, maio 15, 2006

É a Guerra dos Mundos! Ou O dia em que os paulistanos deixaram de acreditar (de novo) no governo

Às oito horas da noite de dia das bruxas de 38, Orson Welles começou a transmitir uma dramatização de "A Guerra dos Mundos" pelo rádio. Durante o programa, trechos de música eram interrompidos por declarações de radialistas cada vez mais desesperados à medida que iam descobrindo e relatando invasões de alienígenas a Terra.

Milhares de pessoas entraram em pânico e partiram para a ação antes de saberem se tratar de um programa de rádio. Algumas carregaram suas armas e saíram à procura dos monstros marcianos, atirando a esmo. Outras enrolaram toalhas molhadas em volta da cabeça na esperança de se proteger do gás venenoso marciano (ou numa tentativa desesperada de matarem os marcianos de rir da cena ridícula que presenciavam)

Essa demonstração, não só do poder da comunicação, mas também de como podem se alastrar ondas de pânico (que, convenhamos, em épocas on line e em real time, acontecem muito mais rápido), é parecida com o que se vê hoje em São Paulo, que está em estado de alerta, infelizmente por um problema real: O PCC (Primeiro Comando da Capital) faz desde sexta-feira, uma série de ataques a delegacias, penitenciárias e alguns alvos civis (bancos e ônibus, em sua maioria), protestando contra a transferência e isolamento dos chefes da facção para um presídio de segurança máxima.

Pior do que o real, no entanto, é o nível do pânico das pessoas: Chegando no escritório, hoje pela manhã, já se falavam em criminosos insanos andando pelas ruas pulverizando indiscriminadamente policiais, civis, cachorros e árvores, enfim, qualquer alvo que cruzassem seu caminho. O nível dos boatos escalou e pela hora do almoço já tínhamos ouvido falar de pelo menos 2 shoppings, 3 estações de metrô, 2 faculdades (alvos civis importantes) e 1 circo (o PPC quer a patente sobre o globo da morte) que tinham sido alvos de bomba . Resultado: lá pelo meio da tarde fomos todos dispensados do trabalho e saímos apreensivos, esperando a Faixa de Gaza. Mas não saímos muito: a maioria das pessoas saíram desesperadas para lugar nenhum, lotando as ruas que contabilizaram Record de trânsito. Pontos de ônibus, metrôs e (pasmem) locadoras de vídeo estavam lotadas de paulistanos neuróticos sem função, quando lhes tiram algumas horas de trabalho. Todas as aulas foram suspensas, comércios fechados e já se ouvia falar em toque de recolher e exército com tanques invadindo São Paulo (dizia-se inclusive que metralhando qualquer um que ficasse nas ruas).

O pânico foi causado por e-mails e internet, que circulavam notícia ao minuto divulgando ataques que não aconteceram e outros "marcados para as próximas horas".
Mas nós não deveríamos estar mais vacinados em relação a boatos, nos informando melhor antes de pegarmos o carro e entrarmos em loucos congestionamentos rumo a lugar nenhum?

O problema é que o remédio para o pânico é justamente a informação de fontes idôneas. Se acompanhada de uma posição enérgica de líderes do governo, tanto melhor: mas tudo o que vi em São Paulo hoje (quando finalmente cheguei em casa, com meus 3 dvds devidamente alugados) foi um punhado de declarações “em cima do muro”.

Nosso governador-mais-chuchu-que-o-outro Claudio Lembo soltou a emocionante declaração: “Paulatinamente a tendência é a coisa começar a ir diminuindo, manda a estatística, não vai parar de repente” – e o intuito aqui era tranqüilizar?

Quando perguntado da dimensão dos ataques a resposta foi “ Difícil dizer. Se um faz um ataque outro faz ataque, vai nos bairros, vai atacando aí, é uma desorganização” – estávamos rezando por facções criminosas mais ordeiras e organizadas? Peraí gente, ataquem, mas em fila indiana, por favor, e peguem senhas!Numa hora dessas eu estou com Rudy Giuliani e sua política de tolerância zero. Ele dizia, enquanto ainda prefeito de NY: “O primeiro passo é ter em mente que a cidade pode melhorar. A pior atitude de uma sociedade é dizer que não podemos fazer nada para sair dessa situação, mas temos que ser enérgicos e mostrar a população o que está sendo feito”. Dá-lhe Giuly!!!

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

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