SamPará

Tati Carvalho, 26, publicitária, expert em perder objetos de pequeno e médio porte dentro do carro. Adora viver em São Paulo, porque há mais bares do que se pode conhecer. Resignada, vai sempre nos mesmos 5. Tem coragem de se jogar de cabeça. Sempre.
Apoena Augusto, 30, administrador, se descobriu pirofágico das estrelas. Vive em Belém e acha que o seu nome é prefixo para todas as coisas entre o céu e a terra. Adora sua moto (que trata como filha) e intervalos comerciais.

domingo, junho 22, 2008

Cuidado com seus pedidos

Eu nunca fui muito supersticiosa, achava graça de gente (também conhecido como pessoa da minha família, com quem mantenho contato estreito e pediu para permanecer anônima(o)) que apostava corrida com gato preto só para que ele não pudesse lhe cruzar o caminho e todo ano colocava Santo Antonio de ponta-cabeça no copo para arranjar casamento (e amedrontrar os sobrinhos que viam ali tendências sádicas de chefe-de-grupo-de-tortura).
Mas eu acredito em Deus e que Ele alcança pra quem espera ou ajuda quem cedo madruga, mesmo que tenha que caminhar em linhas tortas para chegar aos insones, enfim, eu acredito na providência Divina.
O problema é que todos sabemos que para dar uma mãozinha a bilhões de almas terrenas aflitas Ele deve ter um time porreta de ajudantes, assistentes, gerentes, sub-gerentes, superintendentes, etc... e aí junta uns terráqueos aqui e ali que não sabem pedir direito (tipo, fazendo simpatia: que ajudante de Deus deveria ter que adivinhar que ver a dona com um grão de feijão no bojo esquerdo do sutiã dela significa mandar pretendente aqui para baixo?) com uma porcentagem do “Sky Team” que deve ser surdinho/lerdinho e... eu diria que “isso vai dar merda, capitão!”
Quer ver um potencial? Eu fui hoje ver Hamlet, com o Wagner Moura. E é fenomenal, a melhor peça que eu já vi em muito, muito tempo.

Aliás, referenciada pela obra de Shakespeare que traz a peça dentro da peça, peço pausa no post para dar minha impressão sobre o espetáculo ***indicação rasgada mode on***

Pra começar, imagina um texto de Shakespeare tão bem traduzido, que não traz a argumentação para o coloquial (porque senão perde a genialidade e, admitamos o charme de Shakespeare) mas se faz contemporâneo. É atual. E sendo atual, causa identificação. E causando identificação é teatro, dos bons. Como o personagem mesmo cita (em adaptação livre), é espelho da sociedade contemporânea, que imagino, é o que o dear Bill-o-bardo pretendia desde o século XVI. Fenomenal.
Depois, Wagner Moura impressiona. Muito. Ele traz emoção, naturalidade, sinceridade para a peça que (depois descobri) ele ajudou a produzir. E contrasta isso, muito inteligentemente, com um tratamento de palco simples; que se despe de cenários, figurinos e iluminações rebuscadas. São 10 atores, (Caio Junqueira e Fábio Lago também ótimos) que contam com suas atuações para emocionar. E só, sem mais grandes recursos.
E dá certo. A peça é cara demais (impecilho importante para a expectativa do próprio Wagner Moura que em entrevista disse que gostaria que o público de Tropa de Elite fosse vê-lo no teatro), é longa e mesmo assim vale a pena. Se meu bolso permitir eu repito.

***ok indicação rasgada mode off – voltando a temática original***

Na saída, uma amiga me liga para perguntar porque eu não apareci para a pizza de finalzinho de fim de semana que eu havia combinado com ela as 20:30hs (a peça é longa, como eu disse).
Eu expliquei que estava saindo do teatro e comecei a tecer elogios a peça, terminando com aqueles comentários sumariamente inúteis: “...e além de ser ator competente, o Wagner Moura ainda é lindo. Se não fosse casado eu pedia a Deus que mandasse pra mim”
Resposta: “olha pra cima, grita alto e eu faço uma simpatia daqui, quem sabe? Agora, jura que você quer mesmo o Wagner Montes pra você?”

Parei subitamente, muda e em pânico: será que algum ajudante de Deus ouviu o impropério? Será possível que a esta hora, amanhã, eu possa estar fazendo jantar para o manquetolinha do Show de Calouros, perseguida por uma Sonia Lima possessa, correndo atrás de mim pau de macarrão em punho e flor tropical balançando atrás da orelha esquerda?

E o pior de tudo, será que meus relacionamentos até hoje foram fruto de falta de dicção perante o staff divino? Ok, resolução de início de semana: segunda-feira eu procuro uma fono.


Está bem, não resisti. Por via das dúvidas, lá vai:
Para conquistar uma pessoa que nem repara que você existe: Junte cinco fios de seu cabelo com mais cinco fios do cabelo dele (será que se eu subir no palco em um ato tresloucado e arrancar 5 fios da cabeça dele, ele ainda vai se interessar?). Enrole os cabelos com um pedaço de pano e embrulhe junto com um anel novo, que nunca tenha sido usado. Deixe o amuleto bem perto do próprio coração durante nove dias. Passado esse período, dê o anel de presente a tal pessoa, que logo vai reparar em você e poderá até acabar se apaixonando

3 coisas: 1 - vou ter que dar uma Wando -novamente tresloucada - e jogar o anel no palco?
2– simpatia cara essa, 2 ingressos adicionais (pra chegar no palco) e um anel novou!
3 – depois desse gasto todo ainda tem um “poderá até”? Gasta primeiro e nem tem certeza? Hum, acho que vou continuar sendo descrente das simpatias...

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Não precisa ficar descrente, não! Vou te mandar um frasco com a periquita da bôta direto do Ver-o-Peso!
É tiro e queda. Só não sei de quem...

11:46 PM  
Blogger Tati Carvalho said...

mas meu problema não é um "não ter"... meu problema é um "ter errado"!
e duvido que a periquita de bota tenha alguma segmentação de mercado mais precisa....

6:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

Então junta a periquita da bôta com os fios de cabelo!

10:56 PM  

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