SamPará

Tati Carvalho, 26, publicitária, expert em perder objetos de pequeno e médio porte dentro do carro. Adora viver em São Paulo, porque há mais bares do que se pode conhecer. Resignada, vai sempre nos mesmos 5. Tem coragem de se jogar de cabeça. Sempre.
Apoena Augusto, 30, administrador, se descobriu pirofágico das estrelas. Vive em Belém e acha que o seu nome é prefixo para todas as coisas entre o céu e a terra. Adora sua moto (que trata como filha) e intervalos comerciais.

sábado, novembro 25, 2006

Adelaide dá de cara com o tango porteño (ainda de salto alto)

No filme Madagascar o zebra (Chris Rock) tinha um grande problema de identidade: completando cinco anos de idade, ainda não sabia se era branco ou negro. Resolveu então contar suas listras e ao detectar que as brancas eram em menor número, descobriu-se negro com listras brancas.
Pelo mesmo princípio eu poderia dizer que, pelo menos pelos próximos 06 meses eu moro em Buenos Aires, já que estou programada para passar 3 semanas lá e 1 no Brasil todos os meses.
Se eu estou gostando? Tanto, que já tentei compilar as 10 melhores razões para se amar Buenos Aires se você fosse eu. Como meu poder de síntese é pífio, seguem as 15 mais:

1 – A casa do governo é cor de rosa. Não preciso explicar, certo?
2 – O prédio do escritório tem vista e está de frente para o Rio da Plata. Ou seja: eu almoço todos os dias tomando sol (os porteños, assim como os madrileños – acho que é uma mania dos –ños em geral - tomam sol em praças a cada mínimo intervalo) fazendo pic-nic ou comendo sushi em Puerto Madero. E agora não preciso mais sentir falta de ter água por perto.
3 – Moro em hotel; não preciso fazer a cama e mentinhas magicamente aparecem no meu travesseiro todas as noites. Piscina, sauna e esteira também estão disponíveis – ah! Vida duríssima! Como diz mamãe, nasci pra ser patrão!
4 – Despesas básicas: almoço, jantar, táxi E TELEFONE são todas reembolsáveis. Meu dinheiro é empregado na compra de botas e em baladas, basicamente!
5 – Muito importante! Os argentinos, uns amores por sinal, ao contrário do que diz o bom senso brasileiro, cumprimentam pegando nos seus dois ombros e sapecando beijos nas duas bochechas. (aqui não existe beijo sem graça raspando-bochecha-com-bochecha) E eles são, via de regra, muito cheirosos. Ah! E a moda dos mullets pelo jeito se fué!
6 – Eu me tornei a mulher mais popular do mundo por saber fazer caipirinha (quem diria!)
7 – A Patagônia está perto. As vinícolas de Mendoza estão perto. Meu pai está perto. E, quer saber? Minha casa está a apenas 2 horas de vôo
8 – Evita continua morta. Enterrada num tímido mausoléu, *conselho mode on* apesar de continuar tentando demarcar territórios com comentários sem sentido nos blogs alheios. Fraquinha, coitada; um conselho: confiar no taco é mais sedutor, eu garanto! *mode off *
9 – Alguns dos melhores dançarinos de salsa moram aqui. E definitivamente os melhores de tango. Baladas disponíveis todas as noites!
10 – Tem um Freddo (melhor sabor, pra quem quiser provar, é o chocolate Suizo, eu me refestelo!) E 5 barzinhos de calçada a cada quadra!
11 – Aliás, via de regra, Buenos Aires é uma cidade muito “outdoor”. Se anda tranqüilamente pelas ruas a qualquer hora e as feiras de arte e moda nas ruas aos domingos são especiais.
12 – Se dorme tarde. Se acorda tarde. Se vai para a balada muito tarde (melhor cena eletrônica da América Latina, pra que gosta). E já adotei a moda de chegar no trabalho as 10hs. Ninguém vira a cara (aliás, minha chefe fica no Brasil).
13 – Uma semana por mês no Brasil significa dois fins de semana. Muito bem aproveitados.
14 – O Free Shop é meu quintal e nada me faltará! (e coisas surpreendentes podem acontecer num Free Shop perto de você!)
15 – Essa com ênfase. Voar mais vezes é uma terapia! Eu, ao contrário de muitos, adoro ver as cidades por cima, andar por dentro de nuvens como se eu fizesse parte do céu. Encarando de forma mais mundana: são milhas a rodo e convenhamos: eu tenho dado muita sorte em vôo (mais essa é hermeticamente fechada).

Assim, a única coisa que me preocupa dentro desse cenário, é que descobri ontem que os aviões das Aerolíneas Argentinas têm um “putaqueopariu” – ou tecnicamente, um artefato feito para que o passageiro se segure em manobras bruscas – por poltrona. Elocubrei um pouco, mas resolvi deixar o significado disso pra lá. Melhor, né?
Assim, se alguém quiser passar por terras poteñas, avise: meu quarto de hotel está as ordens e juro que sou uma guia impecável.

p.s. – Para meu co-autor neste blog, preciso dizer que ontem ouvi uma palavra que é só sua: “naturAleza” pra você. Beijo

em vôo

I know I don't know you
But I want you
so bad
Everyone has a secret
But can they keep it
Oh No they can't

sábado, novembro 18, 2006

Ode ao Bode

três pessoas especiais debatiam a temática: o que fazer com o bode que teima em aparecer em ocasiões estratégicas quando é preciso discutir temas da maior importância?
Passo 1: dirigir-se ao boteco mais próximo
Passo 2: (reprodução na íntegra da conversa-jurássica - qualquer similaridade com personagens reais não é coincidência, é isso aí mesmo)
"Assim, podemos amarrar o pé do bode na mesa do boteco ou o bode no pé da mesa do boteco ou ficar de pé no boteco com o bode na mesa ou por o pé na mesa e o bode no boteco ou chegar de pé no boteco virar a mesa e sair com o bode ou chutar o pé do bode e correr pra mesa do boteco, enfim bebendo umas espantar o bode é o que importa!!! a gente só não pode dar baixaria, como ficar de pé na mesa do boteco e sair de quatro que nem um bode...."
Bode resolvido, bebidas ingeridas, a discussão fluía que era uma coisa,...

terça-feira, novembro 07, 2006

Esportista

Arranjei um novo esporte de fim de semana. Chama-se apartment hunting.
É uma mescla entre caça ao tesouro (bons apartamentos a preços módicos) e luta-livre no gel (negociações com antigos donos).
Estou ficando craque.

Annoying People

Hei de confessar que o post logo aqui abaixo acabou estimulando minha veia verborrágica. Porque não é só zig zag people como no post, ou slow people, como no comentário: o negócio é que irritante people tende a aparecer sempre que a gente não precisa dela. É uma estratégia, em minha humilde opinião, muito bem montada por Murphy (pra que não sabe, ele mora na minha cabeça). Dou exemplos:

“Adora Ser Ranzinza people” aparece sempre que você acorda e descobre que é feriado, ou fim de semana. Não, porque acordar cedo tira o bom humor de qualquer um, eu entendo. Mas sabe aqueles raros dias de sol que você acorda ao meio-dia na praia, lembra que é feriado e sai para o boteco mais próximo porque resolve ser um amor e comprar pão pra todo mundo? Ao sair do prédio você diz “bom dia” com seu sorriso mais doce para um passante e ele solta um grunhido qualquer azedo pra você.

Outra: mais um dia de trabalho começa em atraso. O chuveiro estava gelado, o carro pifado. Você xinga algumas pessoas, engole em seco e sai correndo pelas ruas. Chega no prédio, toma o elevador que logicamente lota e é aí que você encontra um espécime de “Parado na Porta do Elevador people”. “Parado na Porta do Elevador people” é aquela perua que vai descer no 14º, mas instala seu corpinho, a bolsa, a mala do laptop, a nécessaire, o guarda-chuva e a prancheta na porta do elevador desde o 1º andar. Não se move, mas também não deixa ninguém descer. Simplesmente fica lá, com cara de paisagem, contando numerinhos que se acendem para quando você berrar um "DÁ LICENÇA" ela, vire os olhos e se mexa alguns milímetros. Mas ela não tem culpa; foi a amônia da tintura loira que matou o neurônio responsável por passar a informação que 1 e 14 não são andares vizinhos.

Igualmente enervante é “Quer Mudar Tudo do Cardápio people”. O garçom já trouxe 1 coca com gelo e limão fatiado, 1 só com gelo e outra com limão espremido na maior boa vontade, mas “Quer Mudar Tudo do Cardápio people” não consegue se decidir entre as 257 opções do cardápio e começa a elaborar pratos complicadíssimos por conta, como Beirute de filé mignon que troca o alface por picles, o tomates por cebolas, a baguete por pão com gergelim. Ah, sim e sempre tiram o molho do sanduíche e o pedem avulso. Dá vontade de despachar pro Mc mais próximo, não dá? Imagina a agonia de “Quer Mudar Tudo do Cardápio people” quando descobrir que suas opções se limitam aos números 1,2,3 e 4...

Em tempos eleitorais, vale mencionar “Não me dou bem com máquinas people”. Elas também se confundem com DVDs, máquinas de bilhetes metroviários e afins, mas estão no seu melhor quando são A pessoa da sua frente na fila da votação (que logicamente já durou exatos 127 minutos - a fila). Aí “Não me dou bem com máquinas people” digita os números do seu candidato errados, não sabe cancelar, se assusta com a fotinho a sua frente, tira a cabeça da cabininha, olha sem graça, volta pra cabininha, digita outros números e resolve perguntar se não tem ninguém que possa tirar uma dúvida. Aí, quando você acha que agora vai, ela resolve avisar que esqueceu de anotar o número do dito cujo.

Mas terrível mesmo é “Fala Cuspindo em Você people”. Não basta a pessoa contar a vida toda do filho-cunhado-esposo-namorado-e-amantes, ela tem que cuspir em você. Se já tomou umas então, a chuvarada é em dobro. E pra ter certeza que você não escapa de suas gotículas, ela resolve te segurar o seu braço, enquanto fala (e cospe) mirando seu olho. Medo.

E “Puxa Papo Enquanto O Filme de Suspense Está Chegando no Clímax people”? E “Fala Com Voz de Bebê Com o Namorado no Trabalho people”? E tem também “Repassa correntes com som que te travam o computador people”. Enfim, Murphy tem muitos soldados em seu exército! Só vou terminar por aqui, pois descobri-me “Reclamona people”. Eu hein, isso pega!

quinta-feira, novembro 02, 2006

Zig Zag People

Andar pelas ruas seja de que cidade for, sempre será como um passeio num safari africano: suas atenções estão todas voltadas para o que acontece ao seu redor e qualquer movimentação estranha ou, digamos, suspeita, pode ser o sinal para uma fuga mais do que imediata.

Mas enquanto elefantes, zebras, macacos, cervos, leões e, hmmm, leoas apressadamente desfilam em busca de alimento, um lugar à sombra ou uma fonte de água limpa para saciar a sede, alguns animais cuja espécie ainda não foi definida pela ciência vagam pelas calçadas das ruas e avenidas produzindo um movimento, no mínimo, inquietante.

Muito comuns no ambiente urbano, esses animais, quase sempre bípedes, aparecem sempre que você está com muita pressa, seja por um lapso do despertador que, claro, não tocou na hora certa ou, simplesmente, não tocou ou por algum daqueles ocasos da vida que nos fazem apressar o passo.

Sempre que isso acontece e você precisa dar uma de Rubinho Barriquelo, errr... pensando bem, Michael Shumacher, e sair ultrapassando tudo e todos para atingir seu objetivo, esses seres se deslocam em zig zag literalmente "fechando a porta" à sua frente.

Você tenta ultrapassar pela esquerda, ele vai para a esquerda. Você, agilmente, muda para a direita, quase caindo da calçada e sendo atropelado pelo "Sacra-Bala" e ele, como que propositalmente, também vai para a direita, barrando sua passagem sem dó nem piedade e forçando uma acidental enfiada de pé na vala.

Com uma pontinha, só uma pontinha, de aborrecimento você diminui o passo, respira, conta até 9,75, analisa o trajeto da criatura adiante e tenta, ainda com bastante calma, desenvolver um novo traçado a ser seguido. São segundos preciosos de planejamento que podem render outros tantos minutos ganhos adiante e você sabe disso.

Tudo analisado, parametrizado e cronometrado. Olhos de lince, determinação, passos firmes e muita agilidade são suas únicas armas neste momento. A estratégia é a seguinte: já que o movimento original é um zig zag da esquerda para a direita, há 50% de chances de que ele se repita durante a segunda tentativa, portanto, você fingirá que vai para a esquerda e quando o incauto ser bestial fizer o movimento em sua direção, Robinho incorporará e duas "pedaladas" darão o golpe de vista necessário para ludibriar o inimigo. Voilá! Missão cumprida.

O plano é perfeito. Nada pode dar errado. E lá vai você na sua nova tentativa de ultrapassagem. Depois de levar um chega prá lá de uma bicileta de padeiro, derrubar uma banca de camelô e enfiar o pé na vala novamente você lembrará de Garrincha, pois só faltou uma coisa: combinar com o adversário.

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