SamPará

Tati Carvalho, 26, publicitária, expert em perder objetos de pequeno e médio porte dentro do carro. Adora viver em São Paulo, porque há mais bares do que se pode conhecer. Resignada, vai sempre nos mesmos 5. Tem coragem de se jogar de cabeça. Sempre.
Apoena Augusto, 30, administrador, se descobriu pirofágico das estrelas. Vive em Belém e acha que o seu nome é prefixo para todas as coisas entre o céu e a terra. Adora sua moto (que trata como filha) e intervalos comerciais.

terça-feira, maio 30, 2006

E o Katrina passou...

Apesar dos eventuais petelecos (ou caxuletas, dependendo do Estado), não era nenhum trauma de infância. Nunca foi. Na verdade, funcionava mais como um parque de diversões privado. Terreno fértil para brincadeiras que arrancavam gargalhadas dos mais chegados.

Mas eis que um dia alguém enxerga as coisas com olhos profissionais e arrisca: "Ei... o que você acha de dar um jeito nessas orelhas?". Por um instante, tudo o que havíamos passado juntos, eu e minhas orelhas, veio à cabeça: as pontas de algodão que se soltaram do cotonete e mergulharam profundamente no canal auditivo; o álcool atirado nela por conta de um entupimento provocado por água de piscina; o furo de brinco feito na orelha esquerda aos 13 anos de idade (à época, quem fazia no lado direito, dizia-se, mordia uma fruta diferente).

Tudo isso sem falar na sensação constante de que o Katrina está passando por mim quando, imprudentemente, resolvo andar de moto sem capacete.

"Eu topo!". Disse firmemente, mas já com uma pontinha de saudades.

Cirurgia corretiva nas orelhas é como ir a um churrasco no sítio com amigos. Tirando a cerveja, todos conversam bastante, falam dos programas de final de semana, ouvem música e cantam como se realmente estivessem em casa. A única diferença é que a picanha que está sendo temperada na tábua de madeira é você.

Isso sem falar no privilégio(?) de poder ouvir absolutamente tudo como se estivesse nos preparativos finais para a gravação de um DVD acústico do Kraftwerk.

Duas horas depois, voilá! Uma obra-prima da aerodinâmica surge de alguns vários emeeles de sangue. Santos Dumont ficaria abismado com o que se pode fazer com talento, um bisturí e alguns centrímetros de linha de sutura.

Duro agora é ter que passar algumas semanas parecendo o "Guga" com uma faixa na cabeça para evitar, digamos, o efeito "ploc" onde, num acesso de nostalgia desenfreada, as benditas podem querer voltar ao seu lugar de origem.

Fotos, hmmmmmmm... melhor não.

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