Quem nasceu primeiro - o ovo ou a propaganda?
Lembra quando a gente era criança e nos ensinavam que entre um bloco e outro de “O Rei Sou Eu”, tínhamos um tempinho que deveria ser usado para ir ao banheiro, buscar uma groselha ou brigar com o irmão sentado ao seu lado no sofá? Foi assim que a maioria aprendeu que propaganda era mera interrupção. Mas eu gostava mesmo assim, afinal era fonte de informação pra saber o que pedir ao Papai Noel no Natal (pobre mãezinha). E acho que a nossa infância trouxe os melhores reclames de todos os tempos, até porque as lembranças grudam até hoje na minha mente como o cheirinho de chiclete nos tênis Bubble Gummers. Lembra?
o primeiro sutiã - Eu conheci a menina dos sutiã na academia. Ela fazia Runner em Moema. E tinha cabelo ruim. Ruim não, horrível. Parei de ter ciúmes dela (eu achava a propaganda danada de bonita). Por isso e porque as pessoas chegavam até ela e tinham coragem de perguntar se ela era a menina do primeiro sutiã. A resposta para seu sorriso sem graça era freqüentemente: ‘a gente nunca esquece...” Cada um com seu calvário, né?
a minha Caloi - Foi aí que a gente aprendeu que criança é um porre,... se não está se jogando no meio do shopping porque você não comprou a última espada Jiraya-light-sabre-four-thousand, está espalhando bilhetes pela casa toda pra tentar garantir a bicicleta.
a Varig - Meu pai cantava pra eu dormir, juro, numa das minhas primeiras memórias: “atenção, você com essa ficha na mão, dirija-se ao portão, embarque neste avião,... Voe Varig!!!”. Ta explicado, não está? Se minha canção de ninar era um jingle, só podia dar nisso! O monstro foi criado no berço!!!
o Cornetto - “Dai-me um Cornetto/ Muito crocante/ É pio cremoso/ É da Gelatto/ Cornetto, Cornetto mio...”.
o Zé Mário - Aí eu entrei na faculdade; publicidade, lógico. E a certa altura, tive aulas de produção sonora com o ZÉ Mário. E eu gostava dele mesmo antes de saber que foi o autor dos dois jingles aí de cima. Olha que legal, a música do Zé me botava pra dormir e ainda vendia passagens de avião! Resultado, insisti igual o moleque da Caloi e consegui que ele cantasse o jingle do Cornetto só pra turma!
Hoje a publicidade nacional é altamente premiada no mundo todo: criatividade, qualidade de produção; gastam-se montes de dinheiro e as vezes até se vende alguma coisa (eu sou sarcástica, mas eu posso, sou da classe). Hoje o problema é a programação. Veja bem, quem vai ficar na frente da tevê, perigando absorver os besteróis de Gugu-Faustão-Huck? Eu confesso, fujo dos programas dominicais como o diabo de INRI Cristo (que está sempre na Luciana Gimenez). E ligar o rádio, então? Carece um ritual de benção antes, pra não se correr o risco de se deparar com os desafinos apenas comparáveis com giz-novo-em-louza-de-escola da turma da Kelly Key, Felipe Dylon e Tati-quebra-barraco. Pior, eu hoje ouvi uma entrevista com Sérgio Malandro, aquele do Glu-glu, falando sobre o futuro cenário do entretenimento nacional. Que Chapolin nos proteja!
Mas se a programação tem uma qualidade pífia, como a gente vai ver os reclames? Pois é, foi aí que resolveram apelar. Afinal, hoje em dia, qualquer coisa é mídia,... mas ovo?
Aconteceu assim: nos Estados Unidos, um dono de granja foi explicar a um poderoso dono de um império das comunicações, que cada ovo passa por, em média, 3 “olhadas” antes de ser comido: na loja, ao abrir-se a caixa checando se há ovos quebrados, em casa ao tirar da caixa para colocar na geladeira, depois ao tirar da geladeira e preparar o almoço (você já tinha pensado nisso?). Ele juntou com o fato de que lá já se imprimem datas de validade em cada ovo ao invés da caixa, e resolveu usar a impressora para outro fim. Foi assim que o dono da CBS americana resolveu deixar de lado jornais, revistas e até sua emissora, e anunciou que vai divulgar os novos programas da temporada em ovos. Sua justificativa: “ não dá pra não ver”. É,....
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