SamPará

Tati Carvalho, 26, publicitária, expert em perder objetos de pequeno e médio porte dentro do carro. Adora viver em São Paulo, porque há mais bares do que se pode conhecer. Resignada, vai sempre nos mesmos 5. Tem coragem de se jogar de cabeça. Sempre.
Apoena Augusto, 30, administrador, se descobriu pirofágico das estrelas. Vive em Belém e acha que o seu nome é prefixo para todas as coisas entre o céu e a terra. Adora sua moto (que trata como filha) e intervalos comerciais.

domingo, julho 02, 2006

amigo-de-fé

Vontade de, como diriam os manos, “cuspir no chão e sair nadando”. Não, esquece, eu sempre vou ser mais limpinha que isso. Vontade de sair correndo pelo deserto por 40 dias e 40 noites. Porque? Vejam só: eu sempre enchi a boca pra dizer nunca ter escutado uma canção de Tiririca. Eu nem sei distinguir um MC do outro e sempre confundo quem é filho de qual dupla sertaneja. Eu posso dizer com orgulho que passei totalmente ilesa ao casal-inferno Kelly Key e Latino, mas admito que acabei cantando “glamurosa, rainha do funk” ontem, em bom tom, pra todo mundo ouvir (em minha defesa saliento que estava sentadinha ao fazer isso. Sem performances). Agora me diz, como isso foi acontecer?
E ainda preciso dizer que esse não é o único mistério que ronda a tarde de ontem. Gostaria de saber como o suco Gummy chegou até mim (sou fã incondicional dos ursinhos Gummy; quase tanto quanto dos personagens da Caverna do Dragão, em especial o Presto) e como que de repente apareceram amigos tão maravilhosos no meio do meu caminho? Então chamemos aí as videntes do Fantástico (se bem que uma delas errou ontem que o Brasil ia perder a Copa para a Alemanha na final) ou Mister M, para resolverem esse mistério, porque eu acho que a tarde de ontem estava imersa nas brumas...
O fato é que há um velho ditado romano que diz que “no vinho está a verdade”. Só que no nosso caso era o suco que dá força além do alcance aos ursinhos Gummy, (será que eu confundi com a visão além do alcance dos Thundercats?) receita secreta e tudo. Bom mesmo o elixir.
Só que a gente só deve beber elixires mágicos quando não tem coração-apertadinho. Porque senão ai dos seus amigos, coitados, vão ouvir você insistir em repetir a tal “veritas” que, admitamos, a maioria já conhece mesmo. Mas é aí que você se lembra que esses são os amigos dos bons. Sabe daqueles que você comete as piores besteiras, erra, se engana, insiste no erro (ou diversifica de erro), erra mais um pouquinho... e eles estão lá, sem mudar de opinião sobre você. Ainda são capazes de lhe dar uma bronca (mas só depois de saber se você está bem) e te dar um abraço.
Pois é, pra vocês entenderem que eram esses os sujeitos que me rodeavam ontem, que vai aqui uma transcrição de um diálogo tirado da tarde de ontem; ipsis-litteris e dou fé:

Cacilda – Né,... matei um homem...
Maneco – Caralho, Cacilda (sim, um palavrão de vez em quando é libertador, todos sabemos).
Cacilda – Foi mal Maneco, to triste, nem sei o que eu faço...
Maneco – Tá bom, então, senta aqui, me conta, o que você tá sentindo?
Cacilda – Maneco, como assim o que eu estou sentindo? olha o corpo aí, estendido, no meio da sala,...
Maneco – Cá, primeiro você, ele já não está respirando mesmo,... olha só, você está toda ensangüentada, vamos pro banho,...
Cacilda – Mas e o cadáver, Maneco?
Maneco - Primeiro você toma banho, depois dorme um pouco, que é pra se acalmar. Pode ficar tranqüila que eu já estou procurando óleo de eucalipto que é pra galera respirar melhor. Sabe como é, né? Até amanhã?
Cacilda – Ai Maneco, e amanhã?
Maneco – Amanhã a gente enterra Cacilda....
E foi assim, que só depois do enterro, mãos dadas, Cacilda se dá conta que Maneco não perguntou o que aconteceu, não gritou, não desmaiou. E sabe que vai levar bronca pela morte do desavisado, mas só daqui há umas duas semanas, quando ela estiver melhor. Isso é que é amor de amigo. Valeu, galera, meu coração é de vocês. Pra sempre.

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