SamPará

Tati Carvalho, 26, publicitária, expert em perder objetos de pequeno e médio porte dentro do carro. Adora viver em São Paulo, porque há mais bares do que se pode conhecer. Resignada, vai sempre nos mesmos 5. Tem coragem de se jogar de cabeça. Sempre.
Apoena Augusto, 30, administrador, se descobriu pirofágico das estrelas. Vive em Belém e acha que o seu nome é prefixo para todas as coisas entre o céu e a terra. Adora sua moto (que trata como filha) e intervalos comerciais.

domingo, julho 23, 2006

Liga o Atari e traz o meu Guaraná Garoto

Meu pai assistia à TV na época do "televizinho". Dava a hora do programa favorito, que deveria ser o clássico "Vigilante Rodoviário", a rua inteira se amontoava à janela da única casa que possuía a maravilhosa caixa mágica. Povo criativo. Já previa o futuro da televisão colando na tela papel celofane colorido.

Eu tive mais sorte. Consegui assistir "Domingo no Parque", com o empalhado Silvio Santos, ao vivo e em cores, se divertindo com as pessoas trocando carros zero km por caixas de fósforo simplesmente dizendo: "siiiiiiiimmmmmmmm".

Naquela época, bons mesmo eram os tênis All Star ou o famigerado Montreal. Conga branco reinava absoluto nos pés de 10 entre 10 colegiais, a não ser em dia de jogo de futebol, porque aí entrava em campo o rei dos calos, Kichute. Amarrar aquele cadarço gigante na canela, como diria o Mastercard, não tinha preço.

Xuxa, que ninguém esquece aquele garotinho bolinando nela no único filme onde seus seios, e que seios, aparecem, "Amor estranho amor", alegrava os finais de manhã de quem estudava no primeiro período e chegava em casa direto para TV para assistir He-man, Os Smurffs, Thundercats e, claro, A Caverna do Dragão. Ainda não me conformo com o fato deles terem morrido, o Mestre dos Magos, apesar da aparência inocente de Papai Noel dos anões, ser um patife falso e a unicórnio Uni não passar de uma armadilha chifruda. Desde então passei a desconfiar de todos os seres cornudos.

Na porta do colégio, e para a alegria dos dentistas, Pirocóptero e Dip'n'lik seguiam deixando as crianças mais verminosas e careadas, porém muito mais alegres.

Diversão para o final da tarde, após o lanche com pão, manteiga e Guaraná Garoto, era chamar a galera da rua para jogar Atari. River Raid, X-Man (nunca entendi porque o nosso herói tinha a ponta do play ground quadrada. Dava uma pena da mocinha...), Space Invaders, Pac Man e tantos outros faziam o terror das primas que queriam assistir à novela das seis, das sete e das oito (também nunca entendi porque a novela das oito só começava às nove). Só havia uma regra: nunca ganhar do dono do video game. Era decretar o fim da brincadeira. Sorte deles sempre terem respeitado esse mandamento.

E como nem tudo são flores, é claro que deveria haver alguma coisa ruim. Na verdade, era mais aterrorizante que a trilha de Psicose, mais apavorante que Freddy Krugger, mais cruel que o facão de Jason. E acontecia sempre aos domingos. Impossível pensar em algo que pudesse causar mais pânico que a zebra do Fantástico piscando e dizendo: "coluna do meio". Até hoje sonho com ela...

Enquanto isso, no rádio, Rita Lee arrebentava com seu hit Lança Perfume, Blitz começava a virar lenda e RPM ainda arrancava gritinhos à lá Menudos das tietes do estiloso e ex-pegador Paulo Ricardo. Sim, porque depois da Luciana Vendramini, não se teve mais notícia sobre a qualidade das namoradas do rapaz. É claro que é perfeitamente compreensível, pois manter aquele padrão deve ser bem difícil...

Com um período tão rico culturalmente, não é de admirar a onda oitentista que tem invadido boates e festas pelo país afora. Então traz um pão com manteiga que eu vou pedir um Guaraná Garoto!

6 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Ótimas lembranças, é sempre muito bom relembrar esse maravilhoso anos 80, mas descordo de dois ícones: como é possível ter medo da zebra que dizia ¨coluna do meio¨, ela era muito fofa e principalmente, mil desculpas mas comprar um baré na taberna da esquina não tinha prazer melhor, além de custar algumas moedinhas que ainda eram divididas entre os amigos. Posso até sentir o sabor.
Adorei relembrar.

8:01 PM  
Blogger Apoena Augusto said...

Qualquer coisa que tenha os olhos de um desenho japonês tipo Jiraya e voz de tuíta rachada não pode ser classificada de "fofa". Quanto ao Baré, o Tutti Frutti, claro, também achava uma delícia, mas ele é de uma geração posterior ao Guaraná Garoto que, por isso, ganha status mais nobre nas minhas lembranças papa-chibé.

11:20 PM  
Blogger Tati Carvalho said...

Eu gosto da menina que põe-a-capa-e-fica-invisível, como é o nome dela, Sheila? Ela e o Presto eram meu casal favorito da caverna do dragão... ele tira cobras e lagartos do saco e ela some,...
Os All Star´s são objetos de desejo ainda hoje, eu mesma tenho dois: um jeans e um rosa (de cano baixo, bom dizer). Mas o meu gosto pela coisa foi adquirido recentemente, naquela época eu usava Ked´s. E lembro bem do Kichute, porque os meninos do meu prédio se revoltavam quando a gente brincava de boneca na garagem-espaço-de-brincar-campinho-de-futebol (eu nunca tive um playground, para azar dos proprietários de carros do prédio) e resolviam calçar seus kichutes para praticarem chute a gol com as nossas Suzies (que eram mais legais que a Barbie. Minha Suzy inclusive, tinha um corte moicano, mas isso já é outra história,...).

9:28 AM  
Anonymous Anônimo said...

Puxa vida, eu bem que relutei pra não escrever a frase que eu adoro falar e vc odeia ouvir - ¨não era do meu tempo¨ - hehehehe ... e vc fez questão de deixar registrado, fazer o q né? Como são as coisas.
ADOREI muuuuuuuuuito.
Bjssss
PS: a zebrinha era ¨fofa¨ sim!

7:54 PM  
Blogger Apoena Augusto said...

Este comentário foi removido por um administrador do blog.

9:28 PM  
Blogger Apoena Augusto said...

O All Star voltou à moda junto com a nostalgia que fez ressurgir das cinzas, nobres, diga-se, os anos 80. Chutar a Suzy, por outro lado, deve produzir altos índices de endorfina. Me deu até vontade de experimentar. Sabe como é... fui tão bonzinho quando pequeno... Coisas de quem tinha o papel de "Pequeno Príncipe" a representar.
Fofa ou não, além de "abiscoitada", como bem lembrou a Tati, a zebra era assustadora, sim! Se ela fosse um bicho de pelúcia, teria cometido mais crimes que Chuck, o brinquedo assassino.

3:32 PM  

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