SamPará

Tati Carvalho, 26, publicitária, expert em perder objetos de pequeno e médio porte dentro do carro. Adora viver em São Paulo, porque há mais bares do que se pode conhecer. Resignada, vai sempre nos mesmos 5. Tem coragem de se jogar de cabeça. Sempre.
Apoena Augusto, 30, administrador, se descobriu pirofágico das estrelas. Vive em Belém e acha que o seu nome é prefixo para todas as coisas entre o céu e a terra. Adora sua moto (que trata como filha) e intervalos comerciais.

domingo, setembro 10, 2006

Bípede-palmípede?

Sabe aquele amigo de pele negra que você costumava chamar de "Kichute" no colégio? E aquela menina que, por conta da estatura desavantajada, recebeu a alcunha de "sabonete de motel"? Pois é, eles podem estar à espreita só esperando para se vingar da sua falta de senso do "politicamente correto".

É compreensível, afinal, depois de assistir tantas atrocidades cometidas mundo afora por conta de preconceitos sociais, raciais, religiosos, étnicos e até, pasmem, futebolísticos, alguma coisa deveria ser feita para conter o ímpeto nazista dessa gente sem noção.

Eis que nessa nova onda, o amigo que antes era "negão", passou a ser "afro-brasileiro". A "pintora de rodapé", virou "verticalmente prejudicada" e os vesgos agora são possuidores de "idiossincrasia ótica". Esses dois últimos, contribuições de Luis Fernando Veríssimo.

A questão é que nem todo mundo usa esses termos, que são classificados como preconceituosos, com a intenção de efetivamente ofender. Não chega a ser um risco tão grande afirmar que os maldosos, apesar de incômodos e barulhentos, são minoria. Infeliz, diga-se.

Há, inclusive, quem use os adjetivos em benefício próprio como referência profissional. Quem não conheçe a borracharia do Negão ou o Baixinho da Kaiser? O que seria de Romário sem o termo diminutivo antes do nome? É o típico exemplo de quem se valeu da situação física para ficar mais conhecido. E deu certo.

Além disso, como ficam as referências de infância? Como passará a se chamar aquele amigo que andava com os pés abertos e, por conta disso, ganhou o apelido de "pato"? Ovíparo-bípede-palmípede? Convenhamos, nem de longe tem a mesma graça...

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